
Patativa do Assaré, cujo nome de batismo é Antônio Gonçalves da Silva, foi um poeta popular do gênero de cordel, nascido na cidade de Assaré no estado do Ceará, em 5 de março de 1909. O nome Patativa do Assaré deve-se ao nome de sua cidade natal. Apesar de ser conhecido principalmente como poeta cordelista, também era compositor, cantor e repentista.
Biografia
Patativa era o segundo de cinco irmãos, nascido em uma família pobre que vivia da agricultura, aos 6 anos de idade perdeu a visão do olho direito devido ao sarampo. Aos 8 anos, com a morte de seu pai, precisou ajudar a família no roçado. Aos 12 anos começou a frequentar a escola, na qual foi alfabetizado por apenas 4 meses, porém daí em diante continuou sempre “lidando com as letras”, como ele mesmo afirmou. A partir de então ele passou a atuar em festas como versejador e em 1925 (por volta dos 15 a 16 anos) comprou sua primeira viola e passou a a trabalhar também como compositor, cantor e improvisador. Por volta dos 20 anos passou a ser chamado de Patativa, pois sua poesia era comparável ao canto de um pássaro de mesmo nome.
Em 1926 teve um poema publicado no Correio do Ceará, mas seu primeiro livro, Inspiração Nordestina, foi lançado apenas em 1956. Em 1978 publicou o livro Cante Lá que Eu Canto Cá e em 1979 iniciou a gravação de uma série de discos, dentre os quais se destacam Canto Nordestino (1989) e 88 Anos de Poesia (1997). Seu último livro, Cordéis-Patativa do Assaré, foi lançado em 1999.
Patativa ganhou notoriedade em nível nacional, possuindo diversas premiações, títulos e homenagens (tendo sido nomeado por cinco vezes Doutor Honoris Causa). Ao completar 85 anos ele foi homenageado com o LP “Patativa do Assaré – 85 Anos de Poesia”, com participação das duplas de repentistas, Ivanildo Vila Nova e Geraldo Amâncio e Otacílio Batista e Oliveira de Panelas.
Patativa foi casado com Belinha, com quem teve 9 filhos. Já nos últimos anos de sua vida estava sem audição e totalmente cego. Faleceu em sua casa em Assaré, Ceará, em 8 de julho de 2002.
Poema Triste Partida

O poema “Triste Partida” (1964), talvez seja o mais famoso e icônico de seus poemas. Foi musicado e gravado por Luiz Gonzaga e ficou conhecido em todo o Brasil. Esse poema retrata a vida de muitos nordestinos da época, onde devido à seca, precisavam migrar para outros estados, principalmente do sudeste, para não sucumbir à falta de água e alimento [até hoje nunca consegui ler esse poema sem ficar com olhos marejados, pois ele retrata algo realmente triste, além disso lembro que minha mãe falava que ao escutar essa música quando criança, ela chorava pensando que talvez isso pudesse acontecer com ela].
Setembro passou outubro e novembro Já estamos em dezembro. Meu Deus, que é de nós? Assim fala o pobre Do seco Nordeste, Com medo da peste, Da fome feroz. A treze do mês Ele fez experiência, Perdeu sua crença Nas pedras de sal. Mas noutra experiência Com gosto se agarra, Pensando na barra Do alegre Natal. ... Apela pra março, Que é o mês preferido Do santo querido. Senhor São José. Mas nada de chuva! Tá tudo sem jeito, Lhe foge do peito O resto da fé. Agora pensando Seguir outra tria, Chamando a família Começa a dizer: “Eu vendo meu burro, Meu jegue e o cavalo, Nós vamos a São Paulo Viver ou morrer.” ...
Para ler o poema inteiro, visite o post Poema – A triste partida (Patativa do Assaré)
Livros
- Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa (1956);
- Cante Lá que Eu Canto Cá (1978);
- Ispinho de Fulô (2005) (1988);
- Balceiro. Patativa e Outros Poetas de Assaré (Org. com Geraldo Gonçalves de Alencar) (1991);
- Cordéis (caixa com 13 folhetos) (1993);
- Aqui Tem Coisa (2004) (1994);
- Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré (Org. Sylvie Debs) (2000);
- Digo e Não Peço Sda de Castro e Danielli de Bernardi) (2001);
- Balceiro 2. Patativa e Outros Poetas de Assaré (Org. Geraldo Gonçalves de Alencar) (2001);
- Ao pé da mesa (co-autoria com Geraldo Gonçalves de Alencar) (2001);
- Antologia Poética (Org. Gilmar de Carvalho) (2002);
- Cordéis e Outros Poemas (Org. Gilmar de Carvalho) (2008).
Alguns poemas
- O passarinho que canta poesia
- A Triste Partida
- Coisas do Rio de Janeiro;
- Meu Protesto;
- Mote/Glosas;
- Peixe;
- O Poeta da Roça
- Apelo dum Agricultor
- Se Existe Inferno
- Vaca Estrela e Boi Fubá
- Você se Lembra?
- Vou Vorá
- Aos poetas clássico
- Caboclo Roceiro
Referências
Patativa do Assaré. Wikipedia, s.d. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Patativa_do_Assar%C3%A9>. Acesso em: 18 fev. 2024.
Patativa do Assaré. eBiografia, c2024. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/patativa_assare/>. Acesso em: 18 fev. 2024.
Patativa do Assaré. Jornal da Poesia, s.d. Disponível em: <https://web.archive.org/web/20110810182825/http://www.revista.agulha.nom.br/anton.html>. Acesso em: 18 fev. 2024.
Gênio da poesia popular, Patativa do Assaré nascia há 110 anos. A UNIÃO, 06 mar. 2019. Disponível em: <https://auniao.pb.gov.br/noticias/caderno_cultura/genio-da-poesia-popular-patativa-do-assare-nascia-ha-110-anos>. Acesso em: 18 fev. 2024.
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